INTRODUÇÃO
Para
perceber o ambiente ao qual estão inseridos os animais desenvolveram sentidos
especiais, o Tato é um dos órgãos dos sentidos também chamado de sentido somático
que proporciona aos animais um contato físico com o ambiente através de
receptores que estão presentes no corpo desses organismos.
Os
sistemas sensoriais em animais são bastante diversificados, ao contrário dos
demais sentidos o tato se encontra em diferentes regiões do corpo tanto em
vertebrados quanto nos invertebrados, essas células táteis evoluíram desde
simples cerdas que captam leves vibrações até as terminações nervosas livres
que conseguem captar estímulos mais intensos como a temperatura. As células que
tem capacidade tátil são chamadas de receptores ou mecanorreceptores.
Os
invertebrados possuem receptores mais simplificados no sentido tátil, alguns
cílios e cerdas que captam os estímulos no ambiente e leva uma informação ao
animal. No entanto os vertebrados são dotados de células mais elaboradas como
os corpúsculos de Pacinni que podem captar os estímulos mais profundos na pele.
Os receptores táteis detectam tato, pressão e vibração na superfície do corpo.
Tanto vertebrados como invertebrados apresentam estes receptores, porém sua
estrutura e função são variadas (MOYES & SCHULTE 2010).
Os
receptores táteis tem fundamental importância para a percepção do ambiente pelo
animal e variam de acordo com o organismo. Este artigo tem como objetivo principal
fazer uma comparação básica entre os receptores táteis de invertebrados e
vertebrados ressaltando as características de cada um deles para a percepção do
ambiente em que vivem.
RECEPTORES TÁTEIS DOS INVERTEBRADOS
Os
invertebrados desenvolveram receptores táteis para interagir com o meio em que
vivem, esses mecanismos possibilitam uma percepção maior de sensações como
vibrações e pressão que os ajudam a fugir de predadores e também na captura de
presas. Algumas anêmonas-do-mar, por exemplo, consegue captar pequenas
moléculas orgânicas da presa por meio de receptores chamados de cnidócitos,
esses animais percebem frequência da vibração causada pela natação da presa,
essa excitação tátil faz com que o nematocisto dispare e a anêmona capture a
presa.
Assim
como as anêmonas os artrópodes dependem de informações do ambiente para sua
sobrevivência. Os receptores externos dos artrópodes são uma especialização da
cutícula que traduz os estímulos do ambiente que serão reconhecidos pelo
sistema nervoso central, esses receptores são chamados de sensilas que é uma
modificação da cutícula associada a cílios modificados.
Em
artrópodes os mecanorreceptores simples são constituídos por uma cerda oca que
contém um ou mais neurônios sensoriais em seu interior (RUPPERT, E.
& BARNES, 1996). Dependendo do tamanho essas cerdas podem detectar
pressões leves no caso de ser finas, ou pressões fortes se forem mais robustas.
Em aracnídeos os tricobótrios são os mecanorreceptores que conseguem detectar
pequenos movimentos no ar, constituídos de cerdas longas e finas. Estas
estruturas tem a capacidade de ativação de dentritos quando são postas em
movimentos pelas correntes de ar, estimulando assim os tricobótrios, a
especialização dessas cerdas é tão elaborada que é possível uma aranha cega capturar
moscas.
A
sensibilidade tátil varia de acordo com o tipo de receptor e o animal. Algumas
sensilas em aranhas são tão desenvolvidas que proporcionam movimentos rápidos em
relação à sua presa. Os escorpiões que vivem em terrenos arenosos aparentemente
localizam suas presas sentindo ondas da superfície que são geradas pelo
movimento dos insetos sobre ou dentro da areia, essas ondas são capturadas por
sensilas em fendas compostas localizadas no brasitarso das pernas, por meio
dessas sensilas um escorpião pode localizar uma barata enterrando-se a 50 cm de
distância e alcançá-la através de três ou quatro movimentos rápidos de
orientação (HICKMAN et al. 2013).
Os
insetos assim como as aranhas possuem sensilas tricóides, esses
mecanorreceptores estão espalhados por todo o corpo dos insetos, principalmente
nas antenas, pernas e palpos. As sensilas compreendem uma projeção da cutícula
semelhante a um cílio associada a um neurônio sensorial bipolar (MOYES &
SHULTE 2010). Esses receptores são muitos sensíveis e por meio deles o inseto
tem a capacidade de perceber diferentes correntes de ar, quando as sensilas são
deslocadas ocorre uma geração de potencial de ação no receptor fazendo com que
o inseto perceba as vibrações do ambiente.
Os
insetos usam outro tipo de sensila na superfície da cutícula, denominada sensila campaniforme, para a propriocepção. Estas sensilas se assemelham às
sensilas tricóides, porém não possuem cílio pontiagudo, estando envolvidas por
uma estrutura em formato de cúpula fina da cutícula (MOYES & SCHULTE,
2010).
RECEPTORES TÁTEIS NOS VERTEBRADOS
Nos vertebrados
a capacidade tátil está associada a receptores cutâneos específicos que podem
detectar pressão, vibração e dor, esses receptores desempenham funções
distintas em regiões mais expostas ao ambiente e possuem um maior número de
receptores.
Os peixes e anfíbios possuem mecanorreceptores
na linha lateral que é um sistema de recepção de tato à distância para detectar
as vibrações das ondas e correntes na água. Células receptoras denominadas
neuromastos localizam-se na superfície do corpo dos anfíbios aquáticos e de
alguns peixes. Na maioria dos peixes, porém elas estão localizadas no interior
de canais que correm abaixo da epiderme (HICKMAN et al. 2013).
Os neuromastos são células ciliadas com
terminações sensitivas ou cílios, embebidas numa massa gelatinosa em forma de
cunha, a cúpula. A linha lateral é de fundamental importância, pois ela tem
como função principal orientar os peixes na fuga de predadores e na percepção
no ambiente aquático. Os mamíferos
terrestres perderam a linha lateral e desenvolveram receptores táteis bem mais
elaborados que são capazes de detectar tato, dor, pressão e vibrações do
ambiente através da pele.
Receptores
mais simples são terminações nuas de fibras nervosas encontradas na pele, mas
existe um sortimento de outros receptores com vários formatos e tamanhos
(HICKMAN et al. 2013). Em mamíferos os receptores táteis estão distribuídos por
quase toda região corporal, sendo que algumas destas áreas são mais sensíveis
que outras por possuírem estruturas celulares sensoriais adaptadas para a
captação estímulos delicados como leves toques. Esses receptores são os
corpúsculos de Meissner e discos Merkel localizados, por exemplo, nas pontas
dos dedos em humanos e nas patas de outros vertebrados.
Há também os corpúsculos de Paccini que são
extremidades de fibras nervosas envolvidas por diversas camadas de células,
estes estão localizados em regiões profundas da pele e percebem vibrações e
pressões fortes. Existem ainda aqueles que se relacionam ao movimento das
articulações, os chamados corpúsculos de Ruffine. Os pelos também proporcionam
sensações táteis, as vibrissas (bigodes) dos gatos, por exemplo, possuem
receptores táteis associados aos pelos especializados.
Sobre
a superfície corporal de humanos existem ainda células que detectam dor,
aumento ou diminuição da temperatura, e pressão. Os receptores que são
sensíveis a variações da temperatura são terminações nervosas livres chamadas
de termorreceptores. Os que são sensíveis à dor são e denominados nociceptores
e podem ser encontrados em quase todos os tecidos, os receptores da dor são
fibras nervosas simples que respondem a muitos estímulos.
Os
receptores táteis de vertebrados como já foi mencionado estão distribuídos por
quase toda a superfície do corpo, mas tendem a se concentrar em regiões que
permitam ao animal explorar e interpretar o ambiente com mais perspicácia. Tanto
em vertebrados quanto em invertebrados esses receptores favoreceram uma melhor
adaptação ao ambiente, possibilitando a esses animais explorar sensações
diversas e até mesmo garantir a sua sobrevivência, nesse sentido é possível
notar a diversidades de receptores e os diferentes estímulos captados por eles,
as sensilas em insetos são especializadas e captam movimentos mínimos quase
imperceptíveis aos mamíferos e os discos de Merkel são muitos sensíveis e
eficazes na detecção de estímulos na pele.
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REFERÊNCIAS
BILBIOGRÁFICAS
HICKMAN JR.C.P.et all. Princípios Integrados de
Zoologia. 15ª ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
MOYES.
C.D.; SCHULTE. P.M. Princípios de
Fisiologia Animal. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
RUPPERT,
E. & BARNES, R.D. Zoologia
dos Invertebrados. 6ª ed. São Paulo: Roca 1996.
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